A Bruna Lombardi

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Sampa, 16 de fevereiro de 1981.

Bruna,
amei seu livro. Estive doente, há umas duas semanas (um vírus misterioso,
pestes soltas no ar, na água desta cidade infernal), e aproveitei para ler uma porção
de coisas guardadas há tempo. Acho corajoso, bonito, forte. Principalmente
quando você solta o emocional. Várias vezes, me comovi, li em voz alta para
amigos, para mim mesmo. Gostava, e muito, do primeiro, mas acho que você
cresceu ainda mais. E na direção certa.
Queria dizer isso a você. Por favor, não se abale com as maldades tipo Léo
Gilson2. Não deixe que esse tipo de comentário, mesquinho e destrutivo, bloqueie a
sua criatividade. Está tudo muito ruim, e nós precisamos mais do que nunca ser
solidários uns com os outros. Trocar estímulos. Assim: olha, eu sei que o barco tá
furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar,
porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também.
Tá me entendendo? Eu sei que sim.
Qualquer coisa, conte comigo. Sem conhecê-la profundamente — mas mais
pelo que você escreve e menos pela sua imagem pública — te quero muito bem.
Estou com você e não abro.
Receba um beijo grande.
Seu amigo
Caio Fernando A breu

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