A Mário Prata

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A Mário Prata
Porto Alegre, 1995

Pratinha querido,
obrigado pela carta que você me escreveu. Pensei em responder pelo jornal
mesmo — para dizer principalmente que acho você muito mais Ouro que Prata —
mas ia ser muita viadagem toda essa jogação pública de confetes, não?
Hoje gostei mais ainda ao ler que choveram anjos na sua horta depois da
crônica. Adorei aquela história do diário da gestação. Anjo-da-guarda é papo
quente. Se bem que alguns são meio vadios e nem sempre cumprem horário
integral.
Ando bem, mas um pouco aos trancos. Como costumo dizer, um dia de
salto sete, outro de sandália havaiana. E preciso ter muita paciência com esse vírus
do cão. E fé em Deus. E falanges de anjos-da-guarda fazendo hora extra. E
principalmente amigos como você e muitos outros, graças a Deus, que são
melhores que AZT.
Precisamos nos encontrar uma hora dessas só para falar mal de Portugal. A
propósito, não posso deixar de te contar esta que me aconteceu. Estava eu
troteando ali pela Rua Augusta, Rua do Ouro, aquela jequeira braba, quando se
aproxima um portuga de bastos bigodes. Puxa papo, ah és brasileiro, aquelas coisas.
E de repente suspira e diz: “Ai, gostava tanto de ir-te à peida!”. Com dificuldade
traduzi: queria era me enrabar, pode?
Que esteja tudo em paz com você. Dá um abraço no Reinaldo e em quem
perguntar por mim.
Um beijo do seu velho
Caio F

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