A Adriana Calcanhotto

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Berlim 01.07.93
[cartão]

Adriana C.
Minha sempre deusa, continuo andando pelo mundo, chorando ao telefone,
prestando muita atenção, divertindo gente, a fome dos meninos da Yugoslávia nas
ruas ricas da West-Berlim dói tanto ou mais quanto os negrinhos do Rio, há dez
meses acordo e não tenho ninguém do lado — os meus amigos, cadê? — vou/irei
à Tchecoslováquia, talvez Hungria, Jakarta, mas perdi alguma coisa no Brasil, “à
tarde Maria dorme”, tenho medo, matam turcos e a estrada é enorme, mas tua voz
e tua música me aconchegam entre Paris/Amsterdam/Berlim/Praga/London/
tudo é muito igual e belos os alemãezinhos ao sol do verão fugaz deles. Te mando
retalhos e amor.
Caio F.

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