A Gerd Hilger

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Sao Paulo, 14 de março de 1990

Gerd, querido, saudades, muitas!
Estou te devolvendo a bicha olímpica. A bigoduda se esbaldou pelas tórridas
brasílicas. A paulicéia está queimando de calor. Nunca vi tanto sol e tanto calor.
Adorei o perfume. Estou fazendo uma linda coleção de perfumes. Espero que você
tenha desencruado de vez. O início de uma escritura de tese é sempre muito
complicado, difícil. A gente tem a impressão de que não tem nada a dizer e de que
tudo o que se pode dizer é absolutamente inútil. Mas basta sair uma página e o
pensamento flui. Você é capaz, fez uma pesquisa séria. Tenho certeza que dirá
coisas interessantes e de forma original sobre nosso Jorge Andrade. Estou
apaixonado pelo outro Andrade, o Oswald. Ah! queria tanto que você visse! Vou
montar O HOMEM E O CAVALO no Tuca. Tá um puta projetão de babar. Acho
que vai sair um espetáculo muito bonito. O Valdir te conta alguns detalhes.
Gostaria muito que você visse, pois você sempre me atiçou a voltar a fazer
teatro. Pois é, estou voltando com tudo. Estou feliz por isso tudo. Tenho dado
aulas de teatro numa escola de formação de atores que fundamos lá no Tuca, junto
à Universidade. E bastante trabalho, mas muito gostoso. Gente nova, legal, novas
amizades. Só me falta mesmo um grande amor. Mas acho que já está um pouco
tarde pra pensar em grande amor.
A bigoduda está mais esbelta e bronzeada. Subiu morros, varou serras,
trepou em coqueiros, correu milhas, pulou córregos, jogou peteca, deu braçadas no
mar! Está preparada pra ser nossa miss nas próximas olimpíadas. Delicioso, o
Valdir. Grande amigo que amo muito. Cuida bem dele!
Gerde, meu queridos te beijo saudoso. Vou tentar deixar de ser preguiçoso e
mandar notícias mais freqüentes. Te mando os TITÃS pra matares as saudades do
Brasil.
Um beijão.

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